Mensagem do Nelsão da Força - SMC
Companheiros e companheiras,
Quero falar de coração aberto sobre algo que muitos têm me procurado para questionar: como fica a situação dos novatos que entraram na Volkswagen e foram colocados direto no setor da armação, apenas para abastecer robôs, sem ao menos conhecer de fato o que é trabalhar numa linha de produção da montagem?
Até quando vamos ouvir esses novatos dizerem que “lá na armação dá pra se aposentar”? E por que nós, trabalhadores de muitos anos, que já carregamos restrições, cirurgias, marcas do chão de fábrica, não tivemos essa mesma oportunidade de ir para setores menos pesados?
Será que a nossa mão de obra, construída com suor, dedicação e sacrifício, não vale nada para a empresa? Será que todo esse tempo de vida doada à produção não mereceria agora uma condição mais digna, menos cruel, para garantir também a nossa saúde e qualidade de vida?
Não podemos aceitar que a Volkswagen queira “oxigenar as áreas” apenas com gente nova, enquanto ignora e descarta aqueles que deram a vida pela fábrica. Todos nós, com anos de chão de fábrica, poderíamos trabalhar no setor da armação, abastecendo os robôs, e assim teríamos muito mais qualidade do que seguimos tendo hoje na montagem.
É preciso que esses novatos também conheçam o que é a linha de produção, que passem pela montagem, que sintam o peso do que é carregar no corpo a dureza da produção, para não ficarem numa zona de conforto às custas do sacrifício dos mais velhos.
E como se não bastasse, a direção da Volkswagen insiste em tentar impor o medo como ferramenta de negociação. Vídeos feitos pelo senhor Ciro, presidente da planta da VW no Brasil, foram usados para colocar dúvida e, principalmente, medo, fazendo ameaças de retirar investimentos da planta, cortando benefícios e pressionando os trabalhadores para aceitarem a proposta imposta pela empresa.
Isso não é democracia, isso é intimidação. Felizmente, tivemos uma primeira vitória: o Ministério Público não reconheceu as assembleias feitas pela empresa dentro dos portões, determinando que o sindicato é quem deve conduzir esse processo de forma democrática. Isso é conquista da luta de cada trabalhador e trabalhadora.
O presidente Sérgio Butka, junto com toda a direção do SMC, vai retomar as negociações oficiais com a Volkswagen. É na mesa com o sindicato que as coisas precisam ser resolvidas, nunca pela imposição unilateral da empresa.
Companheiros, companheiras, a nossa luta não acabou. A nossa voz é forte, é coletiva, e não vai ser calada por vídeos ou ameaças. A história da Volkswagen no Paraná foi construída por nós, com o nosso suor, com a nossa força, e nós merecemos respeito. Seguimos juntos. Nenhum passo atrás.
Vice-presidente do SMC

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